Considerações gerais e reflexão sobre o contexto:

Nos dias 14, 15 e 16 de abril ocorreu o XI CONEB - Congresso Nacional de Entidades de Base (D.As e C.As) da UNE -neste congresso são discutidas e então votadas as deliberações sobre os temas: Conjuntura Nacional (política), Educação, Movimento Estudantil, Reformulação do formato para a eleição dos delegados ao Congresso da UNE. Além das deliberações gerais e consensuais: Comunicação, Políticas de ações afirmativas e combate ao racismo, Saúde, Cultura e Extensão, Inclusão Digital.
Dentro de cada tema as Universidades constituem teses com seus pontos de vista e opiniões quanto ao posicionamento da UNE frente a esses temas. Neste contexto há o grupo da Oposição a atual gestão da UNE e há o grupo de Situação: na verdade não são apenas dois grupos, mas no final das contas as teses todas são conversas entre aqueles representantes mais ativos bem antes do inicio do congresso: aí está a movimentação política do esquema. Então as teses se agregam, ou não, para aumentar a sua forma e o número de votos de delegados. Até então me pareceu fenomenal a organização destes grupos que já tem toda uma estratégia montada e gera uma movimentação política fascinante.
No entanto, a partir daí as coisas começam a degringolar: nenhuma destas deliberações são realmente discutidas no congresso, ou ao menos são dadas as condições para aqueles estudantes que estão participando sem uma tese definida tenham condições de refletir o que parece melhor para seu curso e o conjunto dos estudantes.
Eu, como representante do IA era uma destes alunos que se encontrava em uma conjuntura conturbada e dominada por determinados grupos que já tinham toda uma estratégia política organizada. Não tive saúde mental para discutir o que parecia realmente uma deliberação sensata para os estudantes de artes e de todos os outros cursos porque o evento era uma grande disputa de torcidas: uma gritaria descontrolada, uma falta de respeito de todas as partes e, principalmente com aqueles estudantes que estão conhecendo o evento.
Outra denúncia - e uso este termo mesmo porque é realmente uma queixa que quero fazer aos colegas - é a manipulação e a falta de ética de alguns grupos ante os estudantes e a própria UNE. Há evidencias de grupos que fazem a corrupção de estudantes - desinformados - que tem apenas a viagem para outro estado como interesse. Criam entidades estudantis (Das e Cas) menos de uma semana antes do evento. Organizam os alojamentos para se beneficiarem e ainda fazem programações de shows que desestruturam e escondem os verdadeiros motivos da mobilização estudantil.
A atual coordenação da UNE não respeita a verdadeira função da UNE e sua influência para com os jovens e as políticas estudantis e para o Brasil. Deixa em segundo plano os interesses dos estudantes para colocar prioritariamente os interesses de determinados grupos que estão na coordenação.
Sobre o show: o artista que encerra o Congresso Nacional de Entidades de Base da União Nacional dos Estudantes (e escrevo por extenso porque as siglas escondem a importancia do nome) com um show fora o Marcelo D2. Não tenho nada contra esse artista acho que ele é representante de uma arte peculiar, no entanto ele não era a melhor opção para encerrar um exemplo de cunho político e fundamental para o Brasil, levando em consideração toda a conjuntura problemática de Brasília.
O cara não sabia nem sabia onde estava! Ele não falou sobre o evento, não salientou a importância dos estudantes se organizarem, nem sobre as várias culturais que ali se encontrava, ele simplesmente cantou suas música (digamos de passagem com letras alienadas) e fechou com a frase: "VAMÔ FAZÊ BARULHO!”. Um reflexo exato da única coisa que se fazia no CONEB.
Tenho que salientar que em algumas palestras ouve atitudes diferenciadas: como sobre a Inclusão digital - havia um DIÁLOGO entre os participantes. Porém, durante as assembléias sobre os temas que seriam votados era uma gritaria e uma disputa desrespeitosa que evidencia a situação da UNE neste momento: DISPUTA DE PODER POLÍTICO PARTIDÁRIO.
Deixo claro que não sou contra envolvimento político partidário por parte dos estudantes, acho inclusive, extremante importante o envolvimento da juventude porque amplia os conhecimentos de mundo e ela também nos mostra que podemos lutar por mudanças e pelos nossos direitos como cidadãos, porém tudo esta corrompido.
Em minha opinião a UNE esta deixando uma lacuna nas quais os partidos políticos apropriaram-se: a formação política dos estudantes.
Um dos exemplos dessa problemática da UNE é a desestruturação no qual as entidades de base se formam e permanecem durante suas gestões. Não há comunicação entre as bases, não há plano de ações, metas, nem fica claro o verdadeiro papel dos CA e DA. A situação é tão denegrida que há colegas que tem uma posição bastante negativa ante os C.A.s e D.A.s ( “- Só sabem fazer festa...” “- Não servem para nada...”, “- Pegar dinheiro...”) Sei que as coisas não caem do céu que os D.A.s e C.A.s podem e devem buscar informações para cada vez mais aprimorarem suas gestões, mas a questão é que a conjuntura Nacional há bastante tempo apresenta problemáticas refletindo em todas as esferas do movimento estudantil, e essas disputar pelo poder acabam ramificando o movimento impedindo seu crescimento e suas ações frente as problemáticas do País.
A partir desta reflexão sugiro que os D.A. s e os C. A. s pensem ações e estratégias de formação política dentro de seus cursos e que sejam levantados debates sobre a conjuntura da UNE sendo refletidos todos os pontos de vista possíveis para que sejam tomados posicionamentos bem estruturados. Sem dúvida que está é uma difícil tarefa: eu mesma não sei por onde começar e ainda bem que isso não depende apenas de mim, ou de você, mas sim de todos aqueles que acreditam que as ações podem ser diferentes.
Gostaria, inclusive, de dar um exemplo: no Centro Acadêmico Tasso Corrêa foram criados Núcleos de Trabalho ( Murais, Quadrinhos, Novas Mídias Artísticas...) e essas ações são extremamente importantes para a descentralização da coordenação já que cada núcleo tem o seu coordenador, a ampliação das atividades do C. A., a criação de novas lideranças estudantis e a politização dos grupos porque eles buscam as informações que necessitam para criação de projetos, parceiras, etc.
Esse é um exemplo de ações enriquecedoras, democráticas porque são abertas a todos os estudantes do curso de artes visuais ou não e inovadora porque são os estudantes tomando iniciativas dentro da UNIVERSIDADE.

Sobre as questões CULTURAIS e os contatos com outros estudantes de artes:

Quando cheguei ao Congresso uma das minhas primeiras preocupações, além de todo o meu transtorno “construtivo”, fora encontrar colegas do curso para fazer contato.
Descobri de imediato que existem Coordenações Estudantis Nacional de Todos os Cursos e também dos de Artes. Chamadas as EXECUTIVAS dos Cursos.
Observava por todos os cantos cartazes convocando os alunos para as reuniões de Executivas de inúmeros cursos mas o das artes não. Surpreendi-me quando soube que não haveria reunião da nossa EXECUTIVA e me decepcionei, estava ansiosa para vê-los saber o que diriam sobre o ENEARTE e todas as outras possíveis deliberações sobre o CONEB e talz. NADA!
Então resolvi participar de uma palestra sobre as Políticas Públicas de Cultura e deparei-me com o Coordenador Nacional do projeto CUCA, Tiago Alves mostrando as maravilhas e as belezuras que os CUCAS estão fazendo no BRASIL TODO. Fiquei um pouco inquieta com isso e com tudo o que eu estava presenciando e decidi manifestar meu descontentamento com o que estava sendo mostrado. Quando foram abertas as inscrições para falar manifestei o meu descontentamento quanto ao CUCA RS e o distanciamento que ele tem com o IA – levando em consideração que os estudantes do IA não foram chamados para construir o espaço e eu ressalto CONSTRUIR, porque na verdade nos fomos chamados sim, mas apenas para sermos oficineiros.
Neste momento, identifiquei-me como estudante de artes e mesmo tendo ficado marcada por algumas pessoas que ali estavam consegui aproximar-me de alguns outros estudantes de artes do país. NÃO FORA DE TODO MAL A MINHA BOCA GRANDE!
Marcamos uma reunião e nos encontramos em alguns momentos, ao todos éramos uns trinta mais ou menos. Estávamos entre estudantes de teatro, música, design, artes visuais... de Brasília, Campinas, Manaus, Paraná... Nossas discussões ficaram entre a falta da Executiva de artes, os Cucas e algumas pautas que foram apenas sugeridas: ENEARTE, Regulamentação da Profissão artista, Lei da Estrada Franca em espetáculos, Currículos, Festivais – intercâmbios, Poli valência dos professores – LDB, 5ª Bienal do CUCA, Leis de Incentivo à Cultura.
Outros estudantes do DF, Piauí, Paraná e RS evidenciaram o descaso dos CUCAS e a inexistência de suas ações, além do aproveitamento de verba pública dos pontos de Cultura.
Fora criada uma lista de discussão com todos os nomes presentes na reunião para gerarmos debates a partir do CONEB. Foi então deliberado que cada representante inicie o debate em seus C. A. e D. A. para então criarmos ações e parceiras. A primeira deliberação fora buscarmos informações sobre a Federação Nacional dos Estudantes de Artes.

relato de Luisa Gabriela Santos.

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